domingo, 13 de julho de 2008

A dor da ressaca

Tenho a maior admiração por quem consegue beber a noite inteira, às vezes o dia e a noite inteiros e depois acorda como se nada tivesse acontecido. Definitivamente não tenho esse privilégio. Ou melhor, não tenho esse fígado todo. Cada vez mais bebo menos. Pelo gosto, se eu tivesse de escolher, talvez ficasse com o milkshake, mas uma caipirinha bem feita, com um sol leve esquentando a pele e a alma, não dá para desprezar. E ninguém bebe só pelo gosto, não é mesmo?
Na infância, tive um começo radical. No bar de um hotel do nordeste onde passava férias, pedi uma dose de gim e, quando o garçom usou aquele dosador ridículo, não tive dúvidas: “Isso é muito pouco, pode pôr outra dose”. Tomei de uma vez e dormi por horas no sofá da recepção. Claro que ninguém desconfiou, pois criança dormindo em sofá de recepção de hotel só pode estar cansada de tanto brincar...
Na adolescência, era coisa de consciência pesada mesmo. Bebia com os amigos aqueles vinhos com tampa de refrigerante (o nome do vinho era “Chapinha”) e depois ficava preocupado em ter de estudar no dia seguinte, sem falar que ainda sonhava em ser atleta profissional. Bebia, mas acabava tendo de carregar os meus amigos que estudavam menos do que eu...
Quando passei no vestibular, os dramas de consciência evaporaram, assim como os vapores universitários. Aí mudei para a caipirosca, pela qual tenho a maior admiração e respeito. Cheguei ao extremo de paquerar e beber numa boate em BH até criar coragem e, na hora “H”, perceber que a língua enrolava e só lembrar de conseguir dizer: “Ah! Deixa pra lá...”
Com o tempo, fui conhecendo enochatos e passei a gastar mais e receber menos (custo-benefício ruim, já que o velho “Chapinha” dava no mesmo). Consigo até tirar onda com aromas e sabores diante dos afetados...
E a cerveja? Brasil, futebol, propaganda, pessoas bonitas. Nunca fui grande admirador de cerveja. Acho que tinha medo de ficar com a barriga do Zeca Pagodinho. E nunca gostei muito do sabor da terceira cerveja. Também não consego distingüir as marcas sem olhar os rótulos...
Agora tem uma coisa que cada vez me irrita mais: a tal da ressaca. Cada vez que não tenho uma, agradeço ao destino e fico feliz, pois não nasci para ter dor de cabeça, muito menos para devolver o jantar de ontem!
Assim, com a nova legislação brasileira, que proíbe até bombom com licor antes de dirigir, estou desenvolvendo uma técnica de ficar bêbado tomando água mineral com gás. Já estou conseguindo progressos impressionantes. O pior é que levo tão a sério a coisa que já estou sentindo problemas para dirigir e já tive uma tremenda dor de cabeça no dia seguinte: deve ser o gás da água. Estou pensando em começar a tomar água mineral sem gás!

4 comentários:

dani disse...

a de hoje, pra mim, ta sendo difícil!

Mwho disse...

Tome bastante água, mas sem gás!

Anônimo disse...

Acho que é coisa de adolescente, questão de auto-afirmação beber quando é proibido... Nesta época eu bebia com as minha amigas, achava o máximo. Hoje não bebo mais, brinco que depois dos 18 anos posso contar em uma mão às vezes que bebi. Entretanto, NUNCA gostei de cerveja, aliás, hoje em dia só bebo caipiROSCA, o que muitos da família do meu noivo confundem, não gosto de bebida com Cachaça, apenas com Vodka. Enfim, acredito que antes só bebia para parecer adulta e agora não vejo mais sentido nisso.. Ainda mais por causa da tal da ressaca. Hehehe!

Mwho disse...

Mariana,
Depois de uma certa idade, a gente bebe pra não parecer adulto demais!