quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Parrillada

No segundo dia em Buenos Aires, peguei o guia e resolvi procurar uma parrillada argentina tradicional, vontade que sempre tive. Gosto de conhecer lugares pitorescos, tradicionais, freqüentados por pessoas do local. A página do guia tinha o seguinte título: “Buenos Aires como ela é – uma seleção de lugares para comer muito bem e gastar muito pouco”. Duas ótimas idéias!
Escolhi então o restaurante Arturito, aberto desde os anos 40, “o que restava de tradicional na Avenida Corrientes, segundo o guia, “a avenida que nunca dorme”! Perfecto! Fui andando com o meu mapinha (só me separei dele no último dia, quando rasgou em todas as dobras simultaneamente), à noite, deslumbrado com a quantidade de pessoas no meio da rua, com as luzes dos edifícios na Avenida 9 de Julio - aquela bem larga e que tem aquele obelisco engraçado -, e cheguei ao restaurante. Um lugar simpático, mas com uma televisão velha apontada para as mesas, mas com muitos habitantes locais e alguns turistas branquelos.
Um garçom (mozo) muito simpático, já meio veterano, me explicou como era a parrillada, e, entendendo mais ou menos, resolvi encarar. Chegou então aquela chapa quente, cheia de coisas. Como diria meu velho amigo inglês Jack, vamos por partes!
Comecei com a costela (tira de asado), conhecida, bem razoável. Aí começou o problema. Reconheci uns rins (rinõnes) e, meio a contragosto, provei um pedacinho: gosto de fígado, pero mais borrachento. Depois, perguntei ao garçom sobre umas estruturas meio circulares, finas, e ele apontou para a barriga e disse: “- Chinchulines!”. Intestino! Provei um pedaço menor ainda e senti um gosto meio amargo e o negócio era ruim de mastigar.... Depois, umas lingüiças pretas, brilhantes, até bonitas... Chamei o mozo e ele disse que eram morcillas – nem quis mais explicações: adivinhei... (lingüiça de sangue de porco). Parti um pedacinho, saiu uma gosma preta e provei com medo... Amargo, viscoso, detestei! Aí, só me restava uma lingüiça com cara normal e não tive dúvida, garanti o meu jantar com ela. O garçom me perguntou se tinha gostado e respondi que “si, pero muy grande!”, ele fingiu que acreditou e eu pedi la cuenta, paguei em dinheiro para andar mais rápido e saí correndo aliviado...
Que saudade do churrasco do Brasil! Parrillada nunca mais! E ainda mais que a nossa picanha é argentina! A partir daí, não arrisquei. Fiquei só com bife de chorizo (um contra-filé grosso cortado diferente) e bife de lomo (filé mignon). Mas, no fundo, no fundo, só pensava na picanha do Porcão!

8 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

Porra, mwho, que mole! A graça é encarar essas bizarrices sem medo hahahahahha

Mwho disse...

Rodrigo,
Encarar eu bem que encarei, mas engolir, aí não é mole não!

Maíra disse...

Uma das aventuras legais das viagens é descobrir a gastronomia, mas eu, como boa vegetariana prevenida, nunca me jogo nessa atividade. Prefiro entrar, sentir os aromas, pedir uma coca-cola pura, pagar a conta e sair.
A única aventura que encaro é a de comprar lembrancinhas!

ps: Adorei a idéia de o squeeze. Será que já tem de um litro?

Thais disse...

haehahehaehhaehae

Muito bom!!!!
Acho que eu testaria do mesmo jeito (e na mesma quantidade pequena de cada coisa)..

dani disse...

me deu fome.

Mwho disse...

Ivich,
Eu tinha um sobrinho vegetariano que adorava ir ao clube comigo comer churrasquinho escondido da mãe!
Paguei mico com você agora... Não sabia que a garrafinha de academia se chamava squeeze! Graças ao santo Google, acabo de descobrir também que já tem de 1 litro!

Mwho disse...

Dani,
Que tal voltar àquele "buffet all you can eat"!

Mwho disse...

Thais,
O pedaço da morcilla que provei foi realmente muito pequeno e com muito medo de acontecer algo reflexo!