Há algum tempo, minha esposa começou a reclamar do barulho do vizinho de cima. Como saio cedo de casa, fui perceber, no fim de semana, algo como um móvel sendo arrastado. Até aí, tudo bem, mas os horários não eram muito confortáveis: sábados e domingos à tarde e bem cedo pela manhã...
Minha esposa começou a me dizer que eu deveria falar isso e aquilo com o vizinho, porque assim não podia continuar e outras coisas. Tá. Mas detesto que me obriguem a fazer alguma coisa de um jeito com o qual não concordo. Depois de muitas caras feias, como se eu fosse o culpado oculto pelos móveis arrastados no andar de cima, resolvi falar primeiro com o meu vizinho de baixo. Claro. Se vou reclamar com o de cima, por que não perguntar ao vizinho de baixo se eu também o incomodo? Meu vizinho de baixo disse que nós não o incomodávamos e sugeriu que eu presenteasse o vizinho de cima com um kit de feltros para cadeiras e móveis arrastáveis. Boa a idéia, né? Mas pedi autorização a ele para dizer que ele tinha reclamado do meu barulho e, por conseguinte, construindo uma corrente pelo silêncio, iria dizer ao meu vizinho de cima que ele era o próximo elo e que fosse depois reclamar também com a vizinha de cima dele.
Passou-se o tempo e nada de encontrar meu vizinho de cima no elevador. Até num jantar especial com um casal de amigos especiais o assunto veio à tona. Não tinha mais jeito. Eu ia ter de falar com o cara. E o cara era meu chapa de elevador - sempre conversávamos sobre problemas do condomínio e outras bobagens...
Saindo apressado para o trabalho, vi o meu vizinho falando ao celular dentro do carro! Não podia perder a oportunidade. Subi novamente para o meu andar e, depois de uns segundos, desci pelo elevador e...
"-Fulano, sabe que o nosso bloco tem uma laje muito fininha, que parece um tambor, não? O meu vizinho de baixo até reclamou que faço barulhos que nem sabia que fazia. Também, a minha faxineira é muito desligada... Já pedi também para a minha filha não andar de salto alto..."
E ele, mais do que rapidamente, faz a pergunta fatídica:
"-Eu faço barulho também?"
E a resposta diplomática:
"-Só me incomoda um barulho de algo sendo arrastado, talvez uma cadeira, bem cedo e bem tarde. Pode até não ser do seu apartamento, mas, como é meu vizinho de cima, tinha que te dar um toque..."
Aí vem chegando a vizinha de cima dele e ele, rapidamente, diz:
"-Ela é que faz barulho, precisa ver!"
E vem chegando uma vizinha de dois andares abaixo e também entra na roda. Formou-se então a corrente do barulho! Missão cumprida! Digo que estou atrasado e me dispeço.
Minutos depois, minha esposa me liga e me pergunta se falei alguma coisa com o vizinho, pois ele está discutindo com a vizinha de cima dele no elevador, dizendo que ela faz muito barulho...
Conclusão: Por mais que o seu vizinho de cima lhe encha o saco, a vizinha de cima dele pode encher o dele muito mais!
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5 comentários:
Hahahaha!! Vizinhos...
Mariana,
Vizinhos são seres esquisitos, principalmente quando não temos espelho em casa...
Mwho, sensacional. Você é um semeador de cizânias...
Careca,
E o pior é que hoje é domingo e o rinoceronte começou a arrastar as cadeiras antes das 8h!
Durou pouco o efeito da psicoterapia de elevador...
Meu caso é diferente. Minha vizinha de baixo colocou um split de 12 mil btu num quarto de 10 m2 (exatamente embaixo do meu), onde dorme seu filho, e o ar é usado no máximo, não só durante a noite, mas também durante o dia. Em tempo: o ar de 12 mil btu é para ambientes de 20 m2, ou seja, o dobro da área do quarto.
A consequência disso é que, como meu piso é de cerâmica e fica gelado por causa da força do ar de baixo, meu chão do quarto transpira, fazendo até poças.
A primeira vez que percebi o problema, fiquei procurando de onde havia vazado água, e fiquei sem entender como aquilo havia acontecido, só para se ter uma idéia da quantidade de água no chão.
A consequência desse fenômeno é que, por causa da umidade, está dando mofo na minha cama, nas coisas dentro da minha cama, que é cama-box, nos meus criados mudos e dentro deles.
Já falei e mostrei o que acontece à vizinha, que simplesmente "deu de ombros".
Conversando com um engenheiro amigo meu, a solução que ele propôs foi que se fizesse um rebaixo de gesso no quarto de baixo, pois o colchão de ar que ficaria entre o gesso e o teto isolaria a temperatura, e o "suor" no meu piso não ocorreria mais.
A resposta que recebi da vizinha foi outro "dar de ombros": "não tenho dinheiro para fazer o rebaixo no teto", me disse.
Já levei o caso ao síndico e ao condomínio, mas nada foi feito para resolver o problema.
Alguma idéia de como posso me vingar?
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