Meu avô Fernando era uma figura muito interessante: guardava todos os pregos, parafusos e porcas que encontrava na rua, colecionava latas, criava passarinhos e guardava quilos de moedas de 1 centavo em sacos - acho que não acreditava na inflação...
Seu escritório era o lugar mais fascinante da casa - podíamos passar dias inteiros ocupados com fios, lâmpadas, motores, vidros de remédio vazios e muito mais.
Também contava histórias do marujo Simbad antes de dormirmos e passar os finais de semana na sua casa era nosso melhor programa!
Acho que tínhamos uns seis anos quando descobrimos os tais sacos de moedas guardados em seu escritório. Eu e meu primo resolvemos fazer um bom uso daquilo. Juntamos pacientemente as moedas em cilindros enrolados com "durex"- o que durou a tarde toda - e fomos à banca de jornal comprar figurinhas!
Ficamos até cansados de abrir tantos pacotinhos e colar as figurinhas nos álbuns...
Logo depois do meu avô chegar do trabalho, a campainha tocou e, para nossa surpresa, o ingrato dono da banca de jornal trouxe todas as moedas de volta e nos denunciou! Meu avô pagou as figurinhas com notas e, sinal de que era um cara legal, nem me lembro de termos levado uma bronca muito grande não!
12 comentários:
porque ser criança nos deixa ver o lado mágico de tudo... né?!
rs
E a nostalgia é uma forma de resgatar a criança e a mágica que deixaram de existir dentro da gente...
tenho um medo danado de ficar presa numa espécie de limbo com todas as tranqueiras que eu guardo... mas continuo guardando tudo!!!
Dani,
De vez em quando, é legal abrir espaço para as coisas do presente!
Você nunca pode deixar que a criança e a mágica deixem de existir. Por mais que a vida nos pressione, cabe a nós reagirmos e superarmos as dificuldades. Tudo passa, é só ter fé. Continue com suas nostalgias.
Ghost
Lembro beeeeem dessas moedas!
Mas na minha época elas já não valiam mais nada.. na verdade tenho a impressão de que eram todas de 1800 *rs
O escritório era interessante mesmo! Lendo seu texto agora lembrei perfeitamente de lá...
E o suco de tomate??? Uma lembrança "deliciosa" dele ne??? Ainda mais, lembrar que ele tinha a mania de esconder as garrafas de suco de tomate atras dos livros... rsrs
bjs
Ghost,
Acho que escrever sobre o passado é uma forma de resgatar a criança e a mágica escondidos dentro da gente... É mais ou menos como colorir um filme preto-e-branco!
Thais,
Viu como nós estávamos certos!
Hoje não daria para comprar tantas figurinhas!
Teria mesmo sido ótimo investimento!
E acho que a minha imaginação na época era muito maior do que o que eu consegui descrever!
Lena,
Tinha um mundo escondido atrás dos livros!
E o suco de tomate era a marca registrada dele, não?
vivemos bons momentos com o vovô e a vovó. as prateleiras guardavam surpresas escondidas por trás delas, o suco de tomate, o ponche, as pizzas, os medalhões e ovos fritos, as misturas de sopas de pacote com bastaaaante queijo derretido no fundo, o vovô "barbeirando" ao volante, nós, da geração mais nova, "assaltando" o frigobar no meio da noite e a vovó surpresa, de manhã, constatando "ué, cadê o presunto que tava aqui?" enfim, foram momentos de estripulia e de confraternização que vivemos e que fizeram de nossa infância algo especial. bom ver que a geração antes de nós também viveu essas emoções!
Marília,
Penso que relembrar essas coisas é uma homenagem aos nossos avós e à nossa infância...
Postar um comentário