Barraco na sala de espera

Estava escondido num canto da sala de espera, lendo, calmamente, uma revista Caras antiga. De repente, sai do consultório uma senhora bem vestida, com óculos e bolsa de grife, segurando uma revista Caras. Foi como uma cena de cinema: todos olharam para ela e pareciam observá-la atentamente:

- Tchau, querida! Até a próxima.

A secretária do consultório não respondeu e fez uma cara muito séria. Instantes depois, corre até a porta e, já no corredor, dá-se a seguinte discussão:

- A senhora não pode levar esta revista, pois é do consultório!

- Agora é minha!

- Sua ladra!

- Atrevida!

E a secretária arranca a revista das mãos da perua e volta aliviada para o consultório e declara:

- Onde já se viu! Roubar revista de consultório! E o pior é que essa é a última Caras e eu ainda nem a li!!!

Todos baixam a cabeça, voltam a ler suas revistas Caras antigas, mas, secretamente, dão toda a razão para a secretária: que absurdo!!!

Resumo do carnaval

Mesmo sem querer, entrando nos principais sites da internet no País, não tem como não saber o que rolou no carnaval:
1) Uma boazuda é responsável pela vitória da sua escola de samba no carnaval do Rio.
2) Uma ex-boazuda volta a ser boazuda.
3) Uma antiga boazuda continua boazuda.
4) Fulana mostra as pernas no trio-elétrico em Salvador.
5) Recorde de uso dos bafômetros.
6) Alguém do BBB tentou beijar alguém.
O mesmo disco de sempre...

Consegui pular o carnaval!

Sempre quis pular o carnaval no calendário, mas ficando, é claro, com o feriado. E, pela primeira vez, consegui!

Fui parar em Buenos Aires e não ouvi nem vi nada relacionado. Nem na internet entrei, para não correr o risco de ouvir falar do assunto.

Só lendo o jornal local, vi, de passagem, que não é feriado no carnaval por lá desde que a Junta Militar revogou as folgas... Maldade com los hermanos, que têm de trabalhar com uma multidão de brasileiros passeando em volta!

Deviam mudar o nome para Brasileños Aires...

Mas, pensando bem, a picanha poderia deixar se ser argentina...

Melhor como está!!!

O colar do crachá e a felicidade

Já tinha acordado irritado. Quando me vesti para trabalhar, constatei que a minha camisa não tinha aquele bolso na frente, do lado esquerdo, que é tão útil para colocar o celular, uma caneta e, principalmente, para prender o crachá...

O meu humor não permitia uma troca de camisa. Fui trabalhar mesmo assim. O crachá meio torto, preso junto aos botões, correndo um risco considerável de cair... Passei a manhã inteira preocupado com isso...

Perto de ir embora, mexendo na minha gaveta, achei um cordão para prender crachá que alguém tinha me dado há muito tempo e que, na época, tinha achado meio brega...

Tive um dos momentos mais profundos e sinceros da verdadeira felicidade: coloquei o crachá no colar e saí andando orgulhoso, feliz, com um sorriso enigmático e um só pensamento: agora posso usar minhas camisas sem bolso para trabalhar!!!

Mwho, a revista Caras e o plágio

Cortando o cabelo, não deixo de ler a revista Caras. Pra falar a verdade, só vou ao barbeiro por causa da revista - que não tenho coragem nem vontade de comprar na banca de jornal...

Achava que tinha um lema de vida baseado em reconhecer o ridículo que existe em tudo. Muito do que eu escrevo segue essa linha de raciocínio. E nem imaginava que eu era um plagiador...

Lendo a página de "pensamentos profundos" da revista Caras, vi um francês de décadas atrás com a frase "existe um lado ridículo de tudo".

Será que crime de plágio prescreve? Acho que já deve ter caído no domínio público...

Vou mudar de barbeiro...

Vou procurar um que tenha a revista Contigo!

Meus amigos e minha irritação

Estou irritado. Na verdade, fui dormir irritado, acordei irritado e continuo irritado... Descobri a razão! Não é fome. Talvez um pouco de cansaço, mas a explicação é outra: meus amigos são perfeitos, pelo menos para mim. Seus defeitos são qualidades. Seus problemas são meus também. Quando ficam doentes, não passam em um concurso ou sofrem, fico irritado... Não com eles, mas comigo, porque meus amigos são perfeitos e não posso vê-los diferente. Compartilho sofrimentos, frustações. Minha expressão é a minha irritação... Espero perder a irritação em breve...

Mwho na fila do bichinho de pelúcia

Um jornal aqui de Brasília está fazendo uma promoção. Você recorta uns selinhos e cola numa cartela diariamente e, no final, paga R$ 8,90 e ganha um bichinho de pelúcia da WWF e um livreto - acho que o brinquedo vale isso, mas deve ser para arrecadar fundos pela preservação do planeta...

No primeiro dia, passei em frente ao posto de entrega do bichinho e vi a maior fila. Cheguei em casa e pedi a minha filha que pegasse o brinquedo. No final do dia, ela me disse que estava muito ocupada e não teve tempo...

Resolvi ir para a fila. Saí do trabalho e encarei a fila - afinal de contas, eu tinha recortado e colado os selinhos pessoalmente e não iria perder o melhor... Bati altos papos com uma velhinha na fila e decidi escolher a tartaruga!

Cheguei em casa muito feliz, com minha tartaruguinha de pelúcia, e todo mundo ficou de olho nela. Não dei mole para ninguém e ela está orgulhosamente exposta na minha mesinha de cabeceira:

- Eu recortei, colei e fui pegar. É minha e ninguém pode pôr a mão nela!!!

Meu HD encheu!

Acho que minha memória é parecida com um HD. E acho que encheu. Não sei o tamanho do HD, mas acho que tenho de deletar vários arquivos e desfragmentá-lo...

Reparei que me esqueço das coisas que me incomodam...

Será que é por causa disso que me esqueço do nome de algumas pessoas?

Acho que não... Não me esqueço dos malas...

Bem, há pouco, entrei no HD do meu computador e saí excluindo tudo que não usava mais - programas inúteis, arquivos perdidos etc.

Sinto-me mais aliviado...

Acho que misturo realidade e virtualidade naturalmente...

Talvez seja a explicação de ter dormido no Matrix!

Filho desmemoriado

-Mwho, meu filho, já procurei em todas as pastas aqueles contratos e não os encontrei...

-Mãe, tenho certeza de que estão aí! Você não deve ter procurado direito...

-Mas não achei...

-Pois eu vou até aí agora e vou achá-los!!!

Uma hora depois, tendo procurado incansavelmente os tais papéis na casa da minha mãe...

-Devem estar escondidos. A chance de estar lá em casa comigo é de menos de 10%!

Meia hora depois, tendo procurado os tais papéis por 5 minutos na minha casa...

-Mwho, que cara é essa?

-Não sei se fico feliz ou se fico triste... Achei os papéis no meu armário... E agora vou ter de ligar para a minha mãe e confessar...

-É! Um mico paga o outro...

-Mas foi muito rápido: hoje mesmo eu tinha feito uma gozação com o mico dela ouvindo música com ventilador ligado no carro desligado...

Mãe distraída

Minha mãe pegou meu carro emprestado...

Dias depois, minha irmã me liga:

-Mwho, seu carro está fazendo um barulho estranho quando tento ligá-lo...

-Ah! Ligue para o seguro e chame o socorro. Se não resolver, peça para o guincho deixá-lo na oficina...

Minutos depois...

-Mwho, já resolvi. Um amigo do trabalho tinha uma "chupeta"...

-Por um acaso deixaram alguma coisa ligada?

-Bem, nossa mãe ficou meia hora me esperando na saída do trabalho com o rádio e o ventilador ligados...

-E o carro desligado?

-Ahã!

Cuidados especiais requeridos por uma árvore adolescente

Vicky Cristina Barcelona é minha árvore de estimação. Ainda na infância, ela é criada solta, apenas recebendo a chuva. Mas já começo a me preocupar com o futuro. Em breve, Brasília vai entrar na época da seca...

Vai ser a adolescência de Vicky Cristina...

Acho que ela vai precisar de atenção...

Quando vejo donos de cachorros passearem com seus animais no jardim em volta de Vicky, penso numa estratégia para ajudá-la...

Vou descer todas as noites com um balde cheio de água e vou, disfarçadamente, derramá-lo em volta dela...

Quando encontrar algum vizinho, para não ficar muito esquisito, já tenho a explicação na ponta da língua:

- Oi! Você não imagina o que aconteceu! Estava lavando o meu carro e, na hora de jogar a água usada fora, tive uma intuição ecológica e resolvi aproveitar para devolver à natureza a poeira que estava depositada na pintura...

A fantástica dona Dedé

Há uns anos, resolvi começar a correr. Participei da Corrida de Reis (DF), no começo de janeiro e, nos meses seguintes, fui baixando meu tempo gradativamente. Até que conheci a dona Dedé...

A dona Dedé é uma senhora que começou a correr aos 50 anos por recomendação médica. Baixinha e magrinha, fez tanto sucesso que virou maratonista. Hoje, deve ter quase 70 anos e é a atração das corridas de rua onde participa. Mas o que a dona Dedé tem a ver comigo?

Numa das corridas, estava dando o meu máximo, já perto do final, quando ouvi uma gritaria, com pessoas batendo palmas e, de repente, passa por mim, sorrindo, uma senhora correndo na maior alegria! Aí descobri quem era a dona Dedé...

Na corrida seguinte (10 Km), a um quilômetro do final, novamente, passa a dona Dedé sorrindo, flutuando...

Passei a treinar para chegar na frente da dona Dedé! Depois de duas corridas, mesmo melhorando o meu tempo, a dona Dedé me ultrapassou perto do final! Pegava até mal, pois todo mundo olhava para a dona Dedé, sorridente, e eu, décadas mais novo, chegava quase morrendo logo depois dela...

Aí tomei uma decisão estratégica: resolvi parar de correr - "tipo dar um tempo" - até a dona Dedé se aposentar...

Brincadeira! Dona Dedé é o máximo e um grande exemplo! Nunca é tarde para começar a praticar esportes! E é por causa disso que estou tranquilo: no dia em que resolver recomeçar a correr, não será tarde demais...

As olimpíadas do Mwho

Quando eu era adolescente, tinha um grande interesse pelos esportes. Tentava fazer de tudo, mas, obviamente, não era o melhor em nada. Acho que até cartola tentei ser. Promovi umas olimpíadas na quadra onde morava, com competições de atletismo, sem falar em alguns torneios de futebol. Tinha de ter muita medalha!

Claro que eu ganhei várias. Afinal de contas, quem fazia as regras e as divisões por faixa etária era eu mesmo. E até que eu não era tão ruim assim...

Todas as minhas medalhas e parte das minhas memórias sumiram em caminhões de mudança...

Mas pelo menos um dos meus amigos premiados ganhou medalha em Jogos Panamericanos e um outro virou jogador de basquete profissional...

Quem sabe eu começo a treinar alguma coisa para, no futuro, competir na 3ª idade?

Minha única aula de piano

Minha avó materna tocava piano muito bem. E eu gostava de ouvir a música nas horas vagas. Nas horas vagas...
Quando tinha uns 10 anos, ela resolveu me dar aulas de piano!
- Mwho, venha cá! Vou lhe ensinar piano agora!
- Agora?
E a galera já fazendo a divisão dos times de futebol debaixo da minha janela...
- Sente aqui!
- !@#?
- Vamos começar!
E a gritaria debaixo da minha janela...
- Vovó, vamos tentar uma outra hora, tenho um compromisso inadiável...
- Não! Vai ter de aprender uma música pelo menos!
E eu aprendi a música num tempo recorde, que nem o Mozart conseguiria, e fui jogar futebol com meus amigos aliviado! Nunca mais dei bobeira e ela não conseguiu me dar mais nenhuma aula...
E o meu esforço foi tão grande, que até hoje, sem mais nem menos, me lembro da música nos momentos mais inusitados: "A barquinha, ligeirinha, voga voga sem parar..."

Fotógrafo de festa de aniversário

Já estava quase no final a festa de aniversário do meu filho. Resolvi, num momento de sanidade, conferir o filme da máquina de fotografia...

- Caramba, esqueci de colocar o filme!

- Mwho, você é um cara morto!!

- Acho que podemos fazer uma reconstituição dos melhores momentos!!!

A idéia salvou a minha pele...

Os convidados ainda presentes aceitaram fazer a encenação e os parabéns rolaram novamente. Muita falsidade, mas em termos práticos, as fotografias ficaram ótimas!

Ainda bem que as máquinas agora são digitais...

Lições nutricionais do meu avô

Meu avô materno era uma pessoa bem sistemática, que só faleceu por causa do cigarro. Se não fumasse, iria viver uns 120 anos. No entanto, quando eu era pequeno, ele me disse:

- Só preciso viver até o ano 2000!

Indiferente à discussão de quando seria a passagem do século, fumou sempre e viveu até dezembro de 2000. Hoje, dirigindo, me lembrei das suas frases sobre comida:

1) "Salada é coisa de coelho."

2) "Refeição sem feijão não existe."

3) "Se tomo suco na refeição, não como doce. Se tomo água, não dispenso uma goiabada."

4) "Banana é a melhor fruta do mundo".

Muitas vezes almocei com ele na sua chácara e a comida era sempre a mesma: arroz, feijão e um bife. E umas gotas de limão para temperar... Ele esquentava a marmita e eu fazia a limonada...

Imagens dizem mais do que palavras...

Era uma vez três primos que se encontravam nos finais de semana para brincar. Era o único compromisso sério e o melhor de todos. Um dos maiores prazeres era deitar naquelas redes com um pacote de biscoito de maizena - não havia nada melhor...

Sou o sujeito da esquerda e pelo meu sorriso acho que um pacote de biscoito estava sendo aberto naquele instante (isso ainda me faz sorrir!). A menina é a minha prima que me arrastou pela mão no primeiro dia de aula do maternal - ela já parecia a mais corajosa dos três...

Aquela cadeira dobrável no fundo era um perigo: prendia o dedo para valer e não era permitido mexer com ela. Tudo bem: os adultos cuidavam disso e das demais coisas chatas e perigosas do mundo...

Continuo gostando muito de boné, bermuda e tênis. Bem, aquela camisa de botão não uso mais - pelo menos nas horas vagas...

Rede ainda me atrai e até hoje não deito nela com a roupa molhada (era proibido), mas a minha atualmente fica mais no armário do que pendurada...

O chão era de areia era o máximo, pois permitia a construção de represas e castelos. Hoje prefiro o asfalto e o cimento, mas também não construo mais castelos...

Como disse minha prima que me mandou a foto, éramos felizes e não sabíamos!

Acho até que sabíamos, mas a felicidade existe quando não se precisa pensar nisso...

Primeiro dia de escola

Tenho péssimas recordações de primeiros dias em novas escolas.

Do maternal, consigo me lembrar que não queria ir de jeito nenhum e fui arrastado pela mão da minha prima que, tendo a mesma idade que eu, ainda deve ter me consolado, pois chorei tanto quanto no filme do cachorro Marley...

Lembro-me também de ter sonhado por vários dias com minha escola antiga, pública, depois do primeiro dia de aula numa escola particular. Aliás, essa escola de padres foi muito didática, pois mais da metade deles largou a batina por motivos variados e surpreendentes...

Essas mudanças na infância são muito sérias. Hoje, se tivesse que passar por uma situação dessas novamente, já teria uma fórmula, fruto da experiência de muitos anos de vida:

Faltaria ao primeiro dia!!!

O nome da árvore

- Mwho, quem é essa Vicky?

- A minha árvore.

- Que árvore?

- Aquela que eu plantei em frente à minha janela...

- Por que nome de mulher?

- Porque achei que ela tinha o jeitão...

- Uhmmm...

- Acho até que ela tem cara de quem tem nome composto: Vicky Cristina!

- Você gostou tanto assim daquele filme?

- Nem tanto, mas acho que ela precisa de um sobrenome: Vicky Cristina Barcelona!

Que maravilha é a segunda-feira!

Todo domingo à noite é a mesma coisa: começo a ficar triste, com um humor decrescente, mesmo com vitória do Flamengo. Vou dormir pensando na segunda-feira. Quando acordo, não tem para onde correr mas, só em me livrar da síndrome do domingo à noite, já fico aliviado. A segunda à noite é especialmente agradável, pois tenho a sensação de ter sobrevivido a uma catástrofe.

Tentei fazer um tratamento à base de não ouvir a música do "Fantástico", mas foi ineficaz... E conheço gente que, na madrugada de segunda-feira, voltando da balada, assiste ao "Fantástico" no "Globo News" e nem reclama da música...

A terça-feira me lembra que ainda falta muito para o final-de-semana, assim como, em menor intensidade, a quarta e a quinta. Na sexta-feira, já estou tão cansado, que não consigo acordar tão feliz como deveria, embore acabe o dia exausto e otimista, pensando no sábado!

Assim, fazendo uma análise comparativa, sem dúvida, a segunda é melhor do que os outros dias e só perde para o sábado, principalmente porque sucede o domingo à noite....

Antes segunda-feira do que domingo à noite!

Pensando melhor, a segunda-feira é tão legal que deveria ser feriado...

E ainda o domingo à noite deixaria de ser tão desagradável...

As muriçocas do templo budista

Já tinha prometido assistir a uma aula de artes marciais no templo budista há mais de dois anos. O professor, velho amigo meu, já estava até me gozando pela promessa não cumprida. Resolvi, então, comparecer...

Tudo muito tranquilo, interessante, mas notei que havia muitas muriçocas. No meio da aula, surgiu uma aranha enorme na sala e ninguém a matou, apenas a espantaram delicadamente. Logo em seguida, sentou-se ao meu lado um monge budista bem velhinho, muito simpático, que me cumprimentou e também ficou asssistindo à aula.

As muriçocas me rondavam e eu, discretamente, tentava espantá-las. Tinha ido de bermuda...

Tive vontade de sair distribuindo tapas nas muriçocas, mas não tive coragem - depois do carinho dispensado à aranha, achei que não seria politicamente correto descer a porrada nos insetos voadores em pleno templo budista, com um monge ao meu lado...

Em casa, tenho uma raquete elétrica, adquirida num camelô, que é uma maravilha tecnológica, mas lá, estava totalmente desarmado...

No outro dia, contei mais de 30 picadas nas minhas pernas!

Da próxima vez, usarei um repelente!