quarta-feira, 30 de julho de 2008

Buenos Aires

Que raiva! Buenos Aires é demais! Não bastava o futebol deles ser tão bom!
Acho que em matéria de cidade, eles ganharam... Até o cemitério da Recoleta, com mausoléu de Evita é programaço!
Muita coisa aqui se parece com Paris e tudo é barato!
Nem se compara com o assédio que os turistas sofrem no Brasil... Só uma dançarina de tango me agarrou no meio da rua no Caminito... Nenhum moleque amarrou fitinha do Senhor do Bonfim no meu punho!
Já estava com saudades do meu Blog...
Abraço a todos. Volto no final de semana...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

O tamanho das toalhas

Você já parou para pensar sobre o tamanho das toalhas de banho? Já pensei a respeito algumas vezes. E tenho opinião formada: não gosto das toalhas grandes!
Antigamente, as toalhas tinham um único tamanho. Depois, para sofisticar, inventaram toalhas maiores, talvez mais elegantes. Pois definitivamente não gosto delas. Pesam mais - principalmente quando molhadas - e a manipulação é mais difícil pelo princípio da alavanca (lembra da física do 2° grau?).
Sempre que chega o dia da faxina lá em casa, fico torcendo para o jogo de toalhas escolhido não ser o das grandes! Admito que para quem gosta de desfilar com a toalha amarrada na cintura, a grande pode ser interessante, mas, para mim, não tem a menor graça! Já fico meio cansado só de pensar em me enxugar...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Livros interrompidos

Gosto não se discute, talvez também não se entenda. Ainda não compreendi o motivo pelo qual abandonamos alguns livros bem antes do fim, até mesmo bem próximo do começo. Tenho na minha mesa de cabeceira um livro que comecei a ler há algumas semanas e, por mais que me esforce, não consigo mais sequer encostar nele. Enquanto ele esteve por lá, comecei e terminei de ler outros três livros.
Vou a uma livraria uma vez por semana (fica ao lado do cinema) e, quase sempre, compro livros novos. Prefiro os lançamentos e, geralmente, vou pela indicação de alguma crítica que li em revistas ou na internet e dou uma boa estudada antes de levar. Assim, cada livro que compro é escolhido de uma maneira afetivamente correta. Mas o que me leva a não terminar de ler um desses livros?
Talvez a escolha errada, mas será que nem a curiosidade leve a leitura até o fim? Sei que às vezes surge uma transferência incômoda ou meus preconceitos são reanimados com alguns temas... Acho que até o papel e o tamanho da letra podem influenciar...
Talvez o livro que está encalhado na minha mesinha tenha sido comprado pela internet – aquele toque no papel do livro antes de comprar pode ser importante na relação estabelecida... Gosto de comprar pela internet, mas não consigo me imaginar comprando um edredon – impossível não tocá-lo antes! Mas não é nada disso, já que o livro que acabei de ler, que entraria na lista dos 10 que mais gostei, também veio no mesmo pacote!
Não consigo decifrar o enigma, mas decidi agora uma coisa: não vou mais insistir com livro ruim, mesmo que a crítica discorde: uma semana sem ser aberto significa que vai direto para a estante e vai ficar na fileira de trás, escondido!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Malhação

Maldita força da gravidade, que faz com que as carnes caiam a partir de uma certa idade - mais precisamente a partir de todas as idades. Somos escravos das academias, torturados por aqueles aparelhos de musculação que mais parecem dispositivos medievais. E o pior é que quando levamos a sério a coisa, depois vêm as dores. E ainda temos de pagar por isso. Incoerência total!
E a vida na academia não é fácil - que saudade da educação física da escola quando o professor nos dava uma bola e só aparecia no final para recolhê-la! Ambiente hostil, onde não dá para pelo menos curtir uma solidão e uns pensamentos - sempre tem um professor querendo aumentar os pesos, dizendo que a mecânica está errada e que já é hora de mudar a série que a gente demorou mais de um mês para memorizar. Meu maior consolo é que já fui para a academia hoje e só volto para lá na sexta!

Brasília

Um dia resolvi mudar,
Em busca da felicidade.
Perdera a emoção de
Sentir o céu e as nuvens.
A solidão me oprimia.
Em minha nova cidade,
Os dias eram bons,
A noite, o mar e a areia,
Suaves sons e perfumes.
Mas fui descobrindo
Que minha solidão
Estava na busca
Pelas lembranças perdidas,
No céu e no asfalto,
Na imensidão do horizonte.
E já não podia negar
Minha paixão por
Brasília...

terça-feira, 22 de julho de 2008

Dercy Gonçalves

Quase não assisto a programas de televisão. Não é nem por preconceito, mas por falta de tempo mesmo. Atualmente, não tenho perdido um programa do CQC (Custe o Que Custar) – programa da Band que passa nas segundas-feiras à noite -, excelente opção de jornalismo e humor, numa linha interessante, combatendo a corrupção e a hipocrisia.
Ontem, o pessoal do programa fez uma homenagem muito bonita a Dercy Gonçalves. Talvez sua última aparição na televisão, com direito a “selinho” no entrevistador e palavrão, sua marca registrada. Tudo com muito bom humor: digno da estrela que trabalhou até o fim – 101 anos! E quem reclamar dos palavrões, não esqueça da hipocrisia dos políticos que usam palavras corretas e têm condutas nem tanto...

“O ontem acabou. Não tenho mágoa de nada e nem saudade de nada. Vivo o hoje. Tenho alegria de viver, adoro a vida".

Dercy Gonçalves

Solidão das palavras

Momentos angustiantes
De palavras buscadas
Respostas ausentes
Mensagens inexistentes

Solidão das palavras
Palavras sem ritmo
Dizeres sem rumo
Silêncio profundo

Silêncio lento
Princípio de tudo
Palavras visíveis
Sentimentos reais

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Leveza

Sentir a leveza da vida
É privilégio raro
Que nem todos
Conseguem ter.
Sorrir na dor,
Acreditando
Que melhores
Momentos virão:
Grande mistério,
Que aprendido,
Faz o peso da vida
Girar no zero...

domingo, 20 de julho de 2008

Árvores

Desde cedo, descobri que as árvores choram. Se sorriem, nunca consegui saber, mas a vida é como as árvores. Os bons momentos são esquecidos, como os dias de sol e as chuvas; as lembranças tristes persistem e deixam marcas no tronco. Assim como as árvores, a vida vai levando a decisões que correspondem aos galhos - não existem árvores iguais. As folhas refletem o humor: se são verdes, se são vermelhas ou se caem... Crescem enquanto as raízes permitem. Nas ventanias, sofrem. E sempre existe a esperança das folhas voltarem e, mesmo que só reste um pouquinho do tronco, tudo pode recomeçar. Desde que haja esperança...

Os sapatos e a personalidade

Por sugestão do Careca (www.caminhodocareca.blogspot.com), resolvi fazer um estudo para verificar se a personalidade pode ser mesmo definida pela escolha do sapato. Escolhi observar 3 tipos conhecidos:
Tipo 1) Cara desonesto, vaidoso, megalomaníaco, com hábitos shrekianos - usando sapato social preto, trabalhado, com detalhes de textura, cadarços de couro, exibindo alguns enfeites pendurados parecidos com vassourinhas. Meias finas de seda, também pretas...
Tipo 2) Sujeito sistemático, neurótico, com tique nervoso, solteirão, mal-humorado crônico, com possível TOC - sapatos marrons extremamente bem engraxados, na verdade retocados com um paninho a cada 2 horas, e cadarços simetricamente amarrados. Meias de algodão brancas?!
Tipo 3) Indivíduo confuso, coroa metido a garotão, com idéias incoerentes e persistentes - sapatênis nas cores bege e marrom, meio desgastados, um pouco sujos - meias pretas...
Subitamente a pesquisa teve de ser interrompida, mesmo antes da conclusão, porque passei a ter um medo enorme de olhar para os meus sapatos e enxergar algum traço que me ligue aos tipos acima cuidadosamente selecionados...

Certezas

Verdades formadas
Certezas definidas
Liberdade perdida
Resta a chance
Das incertezas
Certezas fugazes
Verdades vedadas
Emoção crescente
Vida voltando
Com dúvidas
Sentimentos
Momentos

sábado, 19 de julho de 2008

O quê?

Antes a intenção
Momento cruel
Olhar decisivo
Revelado
Esmagado
Arrancado
Suplicado
Superando tudo
Imitando o sonho
Minha verdade

Dia de faxina

Tenho sérios problemas com o dia da faxina. E era justamente o dia da minha folga. Simplesmente não suportava ficar em casa. Minha faxineira, extremamente eficiente, mostrava que não vale só o trabalho, mas, principalmente, a propaganda que se faz dele. Assim, onde quer que eu estivesse, lá vinha ela cantando, com panos, vassouras, baldes, aspirador de pó e outros objetos detestáveis.

Sempre que me instalava em algum lugar, abria um livro, mal terminava um parágrafo e lá vinha ela... Pensava em ir tomar um banho e lá estava ela limpando o meu banheiro... Tentava ver televisão – todos aqueles canais que nunca vemos e fazem a TV a cabo ficar mais cara! Impossível! Hora do aspirador de pó... Resolvia trocar de roupa para sair de casa, talvez ir ao parque e, obviamente, estava o meu quarto ocupado, com o chão molhado e intransitável!

Depois de algumas semanas numa luta inglória pelo sossego, considerando que não queria tomar o emprego da minha prestativa faxineira, capitulei e resolvi abrir mão da minha folga...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Encruzilhadas


Encruzilhadas 
Caminhos sem volta
Túneis escuros
Decisões amargas
Luz no destino
Indecisão na razão
Certeza da intuição
Fugindo do passado
Vivendo o presente
Aplacando a dor
Das opções da vida

Fora de controle

Certa vez, resolvi convidar cerca de 30 amigos para um final-de-semana na chácara do meu avô, que era uma fazenda em miniatura. Todos entre 15 e 18 anos, sem nenhum adulto para atrapalhar. À noite, lua cheia, resolvemos fazer aquela brincadeira do copo. Ficamos 6 pessoas num quarto, com muita expectativa e um copo sobre uma mesa de vidro. Resolvi dar uma ajudinha ao copo...
As pessoas faziam perguntas mentalmente e ficavam com um dedo sobre o copo, só que o meu dedo empurrava o copo para as letras em volta que davam as respostas... Tudo ia muito bem. Eu sempre respondia: “Depende de você!”, “Certamente!” ou coisas do gênero. As pessoas se davam por satisfeitas e ficavam cada vez mais frágeis diante do poder do copo. Fui aumentando a confiança e arriscando respostas mais ousadas: “Em poucos anos...” ou “Alguém surgirá na sua vida...".
Chegaram a levantar a possibilidade de eu estar conduzindo o copo, mas já que eu empurrava para um lado, quando tirava o dedo, o copo ia para o outro lado (uma questão de vetores!).
Um segundo grupo entrou no quarto e eu, já que era o anfitrião (e também quem dava as respostas), fiquei. As pessoas que saíram deram seus depoimentos aos que esperavam do lado de fora ansiosamente... Os que entraram perguntavam e eu, ou melhor, o copo respondia...
Em pouco tempo, todos, sem exceção, estavam apavorados, excitadíssimos e a coisa foi ficando fora de controle. Muitos choravam, outros gritavam – histeria coletiva. Fiquei assustado com a proporção da coisa e tive de fazer o copo parar de andar... Demorou bastante tempo para as pessoas se acalmarem, muitos querendo voltar para casa.
O problema desta história é que sempre que eu a conto, alguém briga comigo e afirma que o copo mexe sozinho mesmo...
Pode até ser, mas comigo ele só andou porque eu dei uma forcinha!
Para não correr o risco de jogar com alguém mais esperto do que eu, nunca mais encarei a brincadeira...

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um beijo frio

Minha avó materna estudava em um colégio interno. Dormia com outras meninas num grande alojamento conjunto onde as camas ficavam lado a lado. Conta ela que numa certa noite, as luzes já apagadas, ouviu passos bem leves em sua direção. Fechou bem os olhos e, subitamente, sentiu um beijo frio no rosto. Esperou um pouco, assustada, e entreabriu levemente os olhos, vendo ainda o vulto de uma criança pequena que se afastava...
No dia seguinte, contou para suas colegas a história e, pouco depois, foi chamada pela freira diretora que a repreendeu severamente e mandou que ela não inventasse histórias e também não mais falasse sobre o assunto.
À noite, percebeu que a cama ao lado estava vazia. Os pais da menina que ali dormia tinham vindo buscá-la pela manhã.
Dias depois, ficou sabendo que falecera naquela noite do beijo o irmão mais novo de sua vizinha de cama...

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Topo Gigio

Não vale sacanear, mas eu era um grande fã do Topo Gigio, um ratinho italiano orelhudo e infantilizado que fez grande sucesso no Brasil a partir do final dos anos 60. Era uma criatura extremamente manhosa e dramática.
Quando tinha 4 anos, ganhei um Topo Gigio de uma tia bem velhinha e fiquei tão feliz que agradeci e disse: "Mande lembranças a seus pais!" - até hoje a minha avó me goza por isso... O programa da televisão era excelente - aos meus olhos da época - e eu não perdia um só episódio. Fui dono do boneco até os 8 anos, quando o doei a minha irmã mais nova.
Passaram-se décadas e soube que o meu Topo Gigio foi mudando de dono dentro da família até que, quase quatro décadas depois, eis que o reencontro na casa da minha prima em Florianópolis, em uma prateleira só para ele. É claro que foi uma emoção muito forte revê-lo com a roupa original, em tão bom estado de conservação, com uma dona tão cuidadosa!
No mesmo ano, num domingo, na feira de antigüidades do MASP em São Paulo, encontrei um Topo Gigio idêntico sendo vendido por uma fortuna e quase o comprei, mas pensei que aquele boneco poderia não ter tido uma história tão feliz, abandonado que estava, e não fechei o negócio...
Acabo de descobrir, não sei se é verdade, que o programa do Topo Gigio perdeu popularidade porque o Sig, aquele rato mascote antipático do jornal Pasquim, teria inventado que o Topo Gigio era gay. Uma grande grosseria, coisa de que hoje os autores da piada devem ter vergonha. E tem mais uma coisa, lembro que conferi pessoalmente e o Topo Gigio não tinha sexo nenhum!

terça-feira, 15 de julho de 2008

Disque-amizade

Antes da internet, inventaram o Disque-amizade. Você telefonava e entrava numa sala de conversação com outras pessoas. Foi um sucesso. Resolvi experimentar.
Tinha uns 17 anos. Na primeira ligação, comecei a conversar com uma garota da minha idade e, depois de alguns minutos, só falávamos entre os dois. Decidimos, então, conversar em particular.
Uma conversa deliciosa. Falávamos sobre tudo. Ficamos horas ao telefone. No final, já rolava uma certa intimidade, com uma sensualidade suave e implícita.
No dia seguinte, novamente passamos horas conversando - e olha que até hoje meus telefonemas são telegráficos! O inevitável ocorreria. Estávamos encantados um com o outro: teríamos de nos encontrar!
Nas nossas conversas, além das afinidades gerais, a curiosidade era enorme e a imaginação corria solta. Imaginávamos a cor dos olhos, as feições, as roupas preferidas, as silhuetas. Ela comentou que era alta, não disse ao certo a altura, mas insinuou que teria em torno de 1,80m, mudando logo de assunto. Pensei que 1,80m não seria problema, pois tenho pouco menos...
Combinamos nosso encontro. Debaixo do prédio onde ela morava, que era perto da minha casa. Cheguei na hora, o coração batendo rápido, um calor desproporcional ao clima, a adrenalina no máximo...
Ao avistá-la, logo a reconheci pelo olhar e comecei a subir uma escada para me aproximar. Embora não me lembre do seu nome ou do seu rosto, a cena ficou marcada na minha memória: a cada degrau (e eram muitos!), ela ficava mais alta e seu olhar revelava o que eu pensava – tinha muito mais do que 1,90m! Quando nos cumprimentamos, senti que ela ficou tão envergonhada que, no auge da minha timidez, só consegui sentir o sofrimento dela. Lembro que conversamos incomodamente por poucos minutos, nunca mais nos vimos e um bloqueio adolescente idiota enorme cancelou o que poderia ter sido um grande relacionamento...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Vovô Patinhas

Meu avô Fernando era uma figura muito interessante: guardava todos os pregos, parafusos e porcas que encontrava na rua, colecionava latas, criava passarinhos e guardava quilos de moedas de 1 centavo em sacos - acho que não acreditava na inflação...
Seu escritório era o lugar mais fascinante da casa - podíamos passar dias inteiros ocupados com fios, lâmpadas, motores, vidros de remédio vazios e muito mais.
Também contava histórias do marujo Simbad antes de dormirmos e passar os finais de semana na sua casa era nosso melhor programa!
Acho que tínhamos uns seis anos quando descobrimos os tais sacos de moedas guardados em seu escritório. Eu e meu primo resolvemos fazer um bom uso daquilo. Juntamos pacientemente as moedas em cilindros enrolados com "durex"- o que durou a tarde toda - e fomos à banca de jornal comprar figurinhas!
Ficamos até cansados de abrir tantos pacotinhos e colar as figurinhas nos álbuns...
Logo depois do meu avô chegar do trabalho, a campainha tocou e, para nossa surpresa, o ingrato dono da banca de jornal trouxe todas as moedas de volta e nos denunciou! Meu avô pagou as figurinhas com notas e, sinal de que era um cara legal, nem me lembro de termos levado uma bronca muito grande não!

Amizades

Lembranças antigas,
De pessoas antes tão importantes,
Encontram-se perdidas no subconsciente.
Difícil até lembrar dos rostos...
Entretanto, alguns minutos de reencontro,
Lembranças e emoções se reavivam,
Sensação interessante:
Amizades nunca interrompidas.
Momentos depois,
Tudo como antes...
Memória fluorescente,
Amizades evanescentes...

domingo, 13 de julho de 2008

Assim

Sorri a face plena
Sob o calor do sol
Persiste o olhar vago
Com o frio do vento
Nega razão ao sentimento
Respira com o pensamento
Imagens do passado
Lembranças opacas
Sensações vagas
Só uma verdade
O momento

Correndo no Eixão

Brasília é uma cidade diferente. Nasci aqui e sentia um amor profundo pela cidade na infância e adolescência. Ao chegar à idade adulta, juntei todas as minhas insatisfações, culpei a cidade e fui morar em uma bela cidade de praia. Fiquei por lá o tempo necessário para descobrir que não gostava tanto de sol e areia, e adorava o asfalto – 2 anos. Voltei para Brasília com meu amor pela cidade recuperado.
Hoje, domingo, acordei bem cedo e resolvi correr no Eixão –para quem não conhece, é uma larga avenida (as asas do avião do Plano Piloto) que fica fechada para o trânsito de carros aos domingos e feriados. Corri por cerca de quinze minutos contra o sol, em leve subida, com dores nos calcanhares, sentindo frio. Depois, mudei de direção, o sol pelas costas, as dores e o frio passaram e, com uma leve descida, comecei a sentir aquela sensação indescritível de prazer, talvez com endorfinas, olhando para o infinito, com uma liberdade imensa aliada a uma solidão deliciosa acompanhada de meus pensamentos...
Meu intenso prazer durou uns 5 minutos – uma senhora baixinha e gordinha, sorridente, quase me atropelou (lembrei do padre irlandês que agarrou o maratonista brasileiro nas Olimpíadas de Atenas) e enfiou na minha mão um cartãozinho com os seguintes dizeres: “Conheça a arte Mahikari”. A interrupção dos meus pensamentos foi irreversível e só consegui correr o suficiente para voltar para casa.
Em pleno domingo pela manhã, o prazer daquela senhora ao tentar amealhar mais fiéis para a sua religião foi maior do que a minha capacidade de concentração. Acho que não adiantaria explicar nada. Ela não entenderia que talvez eu não quisesse receber o seu cartão e, sim, continuar na minha paz por mais alguns minutos...

A dor da ressaca

Tenho a maior admiração por quem consegue beber a noite inteira, às vezes o dia e a noite inteiros e depois acorda como se nada tivesse acontecido. Definitivamente não tenho esse privilégio. Ou melhor, não tenho esse fígado todo. Cada vez mais bebo menos. Pelo gosto, se eu tivesse de escolher, talvez ficasse com o milkshake, mas uma caipirinha bem feita, com um sol leve esquentando a pele e a alma, não dá para desprezar. E ninguém bebe só pelo gosto, não é mesmo?
Na infância, tive um começo radical. No bar de um hotel do nordeste onde passava férias, pedi uma dose de gim e, quando o garçom usou aquele dosador ridículo, não tive dúvidas: “Isso é muito pouco, pode pôr outra dose”. Tomei de uma vez e dormi por horas no sofá da recepção. Claro que ninguém desconfiou, pois criança dormindo em sofá de recepção de hotel só pode estar cansada de tanto brincar...
Na adolescência, era coisa de consciência pesada mesmo. Bebia com os amigos aqueles vinhos com tampa de refrigerante (o nome do vinho era “Chapinha”) e depois ficava preocupado em ter de estudar no dia seguinte, sem falar que ainda sonhava em ser atleta profissional. Bebia, mas acabava tendo de carregar os meus amigos que estudavam menos do que eu...
Quando passei no vestibular, os dramas de consciência evaporaram, assim como os vapores universitários. Aí mudei para a caipirosca, pela qual tenho a maior admiração e respeito. Cheguei ao extremo de paquerar e beber numa boate em BH até criar coragem e, na hora “H”, perceber que a língua enrolava e só lembrar de conseguir dizer: “Ah! Deixa pra lá...”
Com o tempo, fui conhecendo enochatos e passei a gastar mais e receber menos (custo-benefício ruim, já que o velho “Chapinha” dava no mesmo). Consigo até tirar onda com aromas e sabores diante dos afetados...
E a cerveja? Brasil, futebol, propaganda, pessoas bonitas. Nunca fui grande admirador de cerveja. Acho que tinha medo de ficar com a barriga do Zeca Pagodinho. E nunca gostei muito do sabor da terceira cerveja. Também não consego distingüir as marcas sem olhar os rótulos...
Agora tem uma coisa que cada vez me irrita mais: a tal da ressaca. Cada vez que não tenho uma, agradeço ao destino e fico feliz, pois não nasci para ter dor de cabeça, muito menos para devolver o jantar de ontem!
Assim, com a nova legislação brasileira, que proíbe até bombom com licor antes de dirigir, estou desenvolvendo uma técnica de ficar bêbado tomando água mineral com gás. Já estou conseguindo progressos impressionantes. O pior é que levo tão a sério a coisa que já estou sentindo problemas para dirigir e já tive uma tremenda dor de cabeça no dia seguinte: deve ser o gás da água. Estou pensando em começar a tomar água mineral sem gás!

sábado, 12 de julho de 2008

Sozinho na multidão

Muitos rostos
Olhares vagos
Passos apressados
Mensagens perdidas
Sigo lentamente
Fechado no meu mundo
Prisioneiro da minha verdade
Perdido em meus pensamentos
Não vejo ninguém
Ninguém me percebe
Sigo sempre em frente
Sozinho na multidão

Outro

Ver o outro
Ser o outro
Sentir o outro
Solidão
Palavras soltas
Destino morto
Vida
Calor
Emoção
Ilusão
Verdade
Tudo junto no final

A carícia do copo de leite quente

Chegando em casa, depois de assistir ao filme "O escafandro e a borboleta", sentindo fome, pensei em comer várias coisas. Nem tanto quanto alguém contou que recentemente comeu em um self-service, mas, confesso que pensei em pizza, sanduíche e milkshake. Resolvi deixar a intuição decidir. E fiz a melhor escolha possível: um copo de leite quente.
Sabe, um copo de leite quente é um dos prazeres mais instintivos que existem. É uma sensação difícil de descrever. Acho que traz uma lembrança da primeira infância - é como uma carícia materna, uma sensação de ser abraçado em uma noite fria. Depois de um filme como aquele, todas as minhas carências foram preenchidas por um copo de leite quente.
Toda a minha filosofia coube num copo de leite quente...

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Destino 2

Pensando melhor, se o destino já está determinado, por maior que seja a força que o fez, não passa de um projeto. A possibilidade de mudar o que iria acontecer é real. Cada olhar, sensação ou intenção determina desvios do projeto original. 
Então, se você deseja alcançar alguma coisa, não faz sentido ficar esperando passivamente. Tem que fazer a diferença. O programa roda sozinho, mas o mouse está na sua mão. Quem decide se vai continuar a ler ou mudar de página é você! 
Os acontecimentos são primordialmente reflexos de suas intenções.  A sintonia com outras pessoas depende de uma ressonância de pensamentos que compartilhem o mesmo canal. Evitando pessoas dissonantes, buscando as energias construtivas, existe uma espiral positiva crescente.
Os bons sentimentos atraem pessoas com as mesmas intenções. Reflexos negativos devem ser descartados.
Se o tempo não pára, cada momento é único, por que deixar o destino simplesmente acontecer?

Destino

Penso que cada momento que vivemos já está determinado. 
Quando tenho dúvidas, deixo as coisas acontecerem.
Tento não sofrer, acreditando na inexorabilidade dos fatos.
Já me disseram que isso é acreditar em Deus.
Eu não entendo assim.
Cada um entende a seu modo.
A emoção é o bônus da vida.
Se as coisas já estão definidas, melhor não querer saber antes.
Se tudo tem começo, meio e fim, saber antes elimina o meio.
E o meio é que faz a diferença.
Vivo assim...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Olhar

O calor do sol.
O frio do vento.
Um olhar profundo.
Impossível não perceber.
Um segundo valendo a existência.
Pelo olhar a alma pulsa.
A percepção aumenta.
A emoção explode.
Um momento.
Uma vida.
Tudo.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Skiis in the sky

Estou esquiando sozinho. Há branco em tudo ao redor. Não consigo ver o caminho. Neva muito. Meus pés não mais estão tocando o chão. Acho que estou flutuando. Tudo em volta é nulo. Este momento é único, universal. Não sinto medo. Não sinto nada.
Não sinto calor, nem frio. Sensação distante. Não vejo nada além do branco. Ouço meus batimentos. Não preciso de mais nenhum momento. Nada material. Só sensações.
Continuo. Não consigo sentir cansaço. Não sinto dores. Sei que o momento é absoluto. Minha memória se esvazia. Silêncio total agora. Uma sensação em branco. A paz do nada. Paro no espaço.
Sei que algo material está realizado. A partir deste ponto, tudo é efêmero, breve, definitivo, eterno. Uma nova etapa se aproxima. Espelho de sentimentos. Reflexo de intenções. Só não quero que a noite chegue. Ainda não quero chorar.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O mistério das tampas das canetas BIC®

Acho que só eu não sabia das histórias sobre as canetas BIC®. Assim, ingenuamente, depois de alguns anos incomodado com aquele buraco na tampa da BIC®, que esteticamente e nostalgicamente muito me incomodava (aprendi a gostar dela quando a tampa não tinha buraco!), resolvi discutir em público sobre o assunto em um aniversário de família - onde alguém tem de puxar conversa para que não liguem a televisão...
Meu cunhado sempre tem boas idéias e sugeriu que o buraco serviria para evitar o derramamento de tinta, que tão freqüentemente mancha os bolsos das camisas. Uma outra possibilidade aventada foi que o buraco serviria para ressecar mais rapidamente a tinta da caneta e, assim, as pessoas terem de comprar um nova.
Fiquei tecnicamente curioso e resolvi pesquisar no Google. Um novo mundo se abriu na minha frente. Gostei tanto de uma teoria que resolvi reproduzi-la aqui:
A BIC® é na verdade um alienígena e aquele buraco na tampa seria para que as ondas eletromagnéticas cósmicas fizessem atualizações do sofware do sistema. Também haveria uma microcâmera que faria imagens interplanetárias do usuário através do buraco...
Enquanto o site oficial da BIC® não abria, vi muitas teorias, antigas já, mas de uma criatividade humilhante!
Aberto o site, li: "Além de ajudar a prevenir vazamentos de tinta, todas as tampas da BIC® obedecem a normas internacionais de segurança que tentam minimizar o risco de que crianças acidentalmente inalem tampas de canetas. Tampas como a usada na BIC® Cristal® têm um pequeno furo na ponta para obedecer às normas de segurança existentes."
Que legal! Como as balas Soft, que também receberam um furo no meio há muitos anos para proteger as crianças distraídas...
Mas ainda acho que o buraco seca a ponta da caneta mais rápido!

domingo, 6 de julho de 2008

Só sei que não é nada disso!

Um grande amigo meu, que conheci na faculdade e com o qual instantaneamente me identifiquei, foi o protagonista de uma situação que muito me agradou.
Estávamos nos primeiros semestres do curso, em uma das mais difíceis disciplinas, ministrada por um professor muito bom, com fama de durão. Tínhamos um colega extremamente antipático na época, que não fazia questão de ser amigo, e que se achava o tal.
No meio da aula, o professor faz uma pergunta que não dava para ser respondida pelo nível de conhecimento da turma. Eis que o aluno antipático e metido a sabichão responde, querendo mostrar serviço. A maior parte da turma não engole muito a resposta, muito menos o professor.
Neste exato momento, meu amigo pede a palavra e diz: "Não sei como é, mas só sei que não é nada disso não!". Foi um alívio geral, com uma grande risada da turma!
Recentemente, contei para o meu amigo esta história e ele, político, disse que não se lembrava...

Direito à solidão

Por mais que você esteja cercado de pessoas, às vezes há uma enorme necessidade de ficar sozinho. Não significa um isolamento físico, mas somente uma desconexão emocional. É como se as energias precisassem ser recuperadas, a inspiração reavivada. Não dá para tentar explicar demais, simplesmente é uma constatação - a necessidade da solidão.
Talvez algumas pessoas não sintam isso - dependem de uma ligação emocional constante, como se estivessem o tempo todo sendo reanimadas e mantidas justamente por essas interações. Seria praticamente o oposto - a necessidade da interação.
O grande segredo das relações é aprender a reconhecer as diferenças e acaba sendo uma tarefa muito difícil conciliar necessidades conflitantes. Não que isso seja determinante para o resultado, mas implica em mais ajustes, erros e acertos.
Outras pessoas optam pelos relacionamentos espontâneos, mais baseados na emoção e na liberdade do que em outros valores. As relações são menos rotuladas, muitas vezes de curta duração, e são pessoas que convivem bem com a solidão plena.
Essa diversidade de visões é fascinante, e a possibilidade da escolha justifica a beleza da vida...

sábado, 5 de julho de 2008

Síndrome de Poliana

Há alguns anos, tive uma grande amiga que dizia que eu parecia a Poliana porque mesmo nos piores momentos, sempre arranjava um jeito de ser feliz. Essa história ficou na minha cabeça até que ganhei um livro usado da história da Poliana. Depois de velho, li o livro. Confesso que fiquei bem irritado com a Poliana lá pelo meio do livro. Era demais...
Saiba que existe um grande mistério nisso! Os problemas rondam a nossa existência. A cada dia, um novo problema. Mas o grande segredo é transformar os problemas em desafios. Aí, pode rolar um prazer, mesmo com sofrimento. Há de existir um aprendizado na solução das dificuldades. Isso pode ficar até num nível subconsciente e vai valer para alguma coisa um dia.
Não precisa ficar pensando nisso. Basta tentar sentir algum prazer em encarar as situações, em viver emoções diferentes. Mesmo que sejam ruins, podem ser novas e podem servir de referencial para as emoções positivas a seguir. Tudo tem algum sentido. Nem sempre dá para compreender. Mas faz parte do processo...
Poliana é um símbolo de uma forma de encarar o mundo. Segue naquela linha de que o momento é único e, mesmo que não seja legal, sua beleza está na unicidade do presente. E, para resumir, se não está bom, pode melhorar! Mesmo que seja difícil melhorar, existe a possibilidade. Agarre-a!

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Hoje

Acordei pensando no hoje. Não no que vou fazer ou deixar de fazer, mas em quanto o hoje é mais importante do que o ontem e o amanhã.
O que faço ou penso agora tem um toque especial, porque o ontem está engessado e o amanhã não existe. Parece óbvio, mas só o hoje é realmente.
É agora que dirigimos nossas condutas, que deixamos de agir da melhor forma, que acertamos nas escolhas. Não existe nada melhor do que escolher, errando ou acertando, reparando erros do passado, ou simplesmente se deixar levar.
Ninguém leva a minha mão, escolhe as minhas palavras, sente as minhas emoções.
Posso me emocionar agora. Estou vivo. Respiro.
O amanhã não é de ninguém. Não posso senti-lo nem prevê-lo. Tudo é possível hoje, no momento, no instantâneo.
A menor emoção que exista agora é única e é a maior, porque é a única real...
Os problemas do amanhã e as lembranças ruins do passado ficam muito pequenos quando o hoje é vivido intensamente.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

As mulheres perdidas no espaço

“Perdidos no Espaço” é um seriado de televisão produzido entre 1965 e 1968 que contava as aventuras da família Robinson no espaço, a bordo da nave Júpiter 2, juntamente com o robô B9 e o Dr. Zachary Smith (Jonathan Harris). Todos da minha geração assistiram aos episódios na infância, que foram exibidos nas décadas de 60 e 70.
Nesta semana, revendo os primeiros episódios do seriado, ainda muito interessantes, clássicos, percebi o quanto as mulheres mudaram nestas quatro décadas. No seriado, as mulheres desempenham papéis secundários, são extremamente frágeis, desmaiando a toda hora, e se encarregam apenas de tarefas domésticas. Até o olhar é submisso e tímido.
Como se passava no futuro (1997), a única coisa que realmente não condiz com a época é a participação feminina, que chega a irritar. Todos os detalhes de ficção científica são até plausíveis, mas ainda bem que as mulheres retratadas ficaram perdidas no espaço...

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Banho Quente

Essa história é só para provar que a idiotice (a minha pelo menos) começou mesmo na infância e não na adolescência.
Pois é. Tinha uns 8 anos de idade. Alguns amigos. Muita união. Uma enorme vontade de aprontar alguma coisa diferente. Éramos três e estávamos de olho em uma obra perto de casa. Um tapume muito alto aguçava nossa curiosidade. Esperamos pacientemente o final de semana. Descobrimos uma entrada entre umas tábuas soltas e adentramos a construção! Nenhum operário! Podíamos explorar tudo! Uma vontade de destruir alguma coisa e pedras enormes disponíveis. Achamos uma casinha com a porta aberta. Um buraco no chão. Não dava para ver o fundo! A grande idéia: jogaríamos as maiores pedras no buraco! Fui o primeiro. Peguei a maior pedra, que quase não conseguia levantar, e a joguei com toda a minha força!
Só lembro que ouvi um barulho de um líquido se revolvendo e, fração de segundo depois, o líquido, quente, me envolveu completamente. Senti um cheiro que desde a infância reconhecemos prontamente: estava completamente molhado de bosta! Bosta mesmo. Aquela casinha era o banheiro da obra inteira! Levei um banho de merda!
Só me lembro de sair desesperado na direção da minha casa, onde tomei o banho mais demorado da minha vida, mas ainda passei uns dois dias sentindo o cheiro da idiotice!!!

terça-feira, 1 de julho de 2008

Eu não acredito em fantasmas

Há muitos anos, num final de semana na fazenda dos meus primos, numa noite de lua-cheia, resolvemos fazer um programa emocionante: iríamos andando até a sede antiga da fazenda, abandonada, onde diziam haver fantasmas... Adolescentes excitados, um grupo de cerca de vinte aventureiros começou a jornada. Teríamos de andar cerca de 1 km por uma estrada de terra. Aos poucos, as pessoas foram ficando pelo caminho. As conversas, cada vez mais animadas, um frio na barriga...
No final, lembro que estávamos em três, um verdadeiro jogo de disfarce do medo. Senti grande alívio quando meus colegas de jornada desistiram. Mostrei a minha coragem, mas só para os outros!
Assim, a poucos metros da casa mal-assombrada, me escondi atrás de uma moita e esperei uns dez minutos antes de voltar, pois embora não acreditasse em fantasmas, não correria o risco de mudar de idéia...